O timo é um órgão bilobado que faz parte do sistema imunológico, ou seja, do sistema de defesa do organismo, encarregado de detectar e repelir a invasão de diferentes tipos de microorganismos (vírus, bactérias, fungos, protozoários, vermes, etc.).
Em relação à origem do nome, foi Galeno, no século II da nossa era, quem chamou thymus ao órgão bilobado, de cor cinza-rosácea, situado no peito, porque, se diz, lembrava-lhe um maço de tomilho. Mas a planta tomilho (thymus em latim) era denominada assim porque era queimada como incenso. O altar que existia nos teatros gregos era chamado de thymele, e thymos era a ascensão da fumaça, a queima do incenso, o sacrifício aos deuses – todos eles acontecendo no peito, no altar interno. Significava a aspiração, os cantos de louvor, o espírito e a expressão do amor. Era a alma-sopro da qual dependia a energia do homem e a sua coragem (Diamond, M. D.). Prosseguindo a pesquisa nesta direção, encontrei que thymos deriva da raiz indo-européia dheu, que significa “acender em chamas”, “surgir em uma nuvem”, “fumar” (de uma pessoa indignada se diz que ela solta fumaça). Em sânscrito o vocábulo era dhuna, do qual vêm fumaça e perfume. Na Bíblia, e mais concretamente no Livro dos Reis, se faz também alusão a thymos como causa da raiva e da paixão.
Assim, a origem da palavra timo remonta à antiga Grécia, e, possivelmente, à civilização indo-européia. Na Grécia, a palavra “thymos” foi utilizada por Platão e seu mestre Sócrates, assim como por Homero. Há indicações de que, para os gregos, thymos significava a alma ativa, a alma perecível – diferente da psyché ou alma passiva e imortal. Essa alma ativa seria equivalente à razão, à consciência (“awareness”) e estaria associada à respiração (sopro, alma, palavra), ao coração (desejos e intenções) e ao fígado (emoções).
Em um determinado momento na Ilíada,
Aquiles diz: “Levantando-se como fumaça no peito dos homens Agamemnon
irritou-me, mas deixemos os grandes serem grandes e aquietemos o thymos no nosso peito”. Assim, thymos
é metaforicamente interpretado como “levantar fumaça no peito”.
Expressa o princípio da vitalidade e, portanto, no seu lado físico, a
respiração. Como atestado por Homero, thymos é o ânimo ou o
coração, a sede das paixões e da ira, mas também da coragem e do
entusiasmo. Neste sentido, uma pessoa que tem thymos pode ser chamada de entusiasta, dotada da força passional de reagir prontamente. Em conseqüência, thymos
não tem a ver unicamente com a tendência à ira ou à indignação, mas
com uma disposição anímica para acender e reagir energicamente, com
dignidade, coragem, auto-estima e ardor espiritual.
Como indicado por John Onians, thymos
referia-se originalmente ao sopro, à respiração. Era a matéria da
consciência, o espírito, a alma-sopro, da qual dependia a energia e
coragem do homem. Mesmo na sua mais remota origem, thymos denota “levantar-se em chamas” como nuvem ou espírito, o que nos remete ao conceito de alma e energia vital.
Para Platão, thymos
é a parte da alma que denota o orgulho, a indignação, a vergonha e a
necessidade de reconhecimento. É um atributo guerreiro, um aspecto da
vida interior que dá significado à beligerância. Sem thymos o
homem não é mais do que um animal muito inteligente, com cérebro e
necessidades físicas, mas sem autonomia moral. Para Platão, thymos coexiste
em nós com a razão e os desejos, sendo que, às vezes, nos leva a agir
de uma maneira não razoável. Fechando com chave de ouro esta
investigação sobre a etimologia de timo, fiquei estarrecido ao
me deparar com o Livro 2 da “República”, e mais especificamente com o
capítulo sobre “o Caráter e a Educação dos Guardiães”, em que Platão
escreve: “A cidade luxuosa terá necessidade de um exército e portanto,
de uma classe de especialistas, chamados ‘Guardiães’ (phylakes), os defensores da polis.
A justiça será um dos seus objetivos mais importantes. Para realizarem
bem o seu trabalho, os ‘Guardiães’ deverão ser dotados de vigor
físico, de thymos, da capacidade de se comportar gentilmente
com aqueles conhecidos e agressivamente com aqueles desconhecidos.” Uma
bela descrição do thymos no nosso peito, tanto da entidade
anímica, como do timo físico, berço e educador dos guardiães da
identidade molecular do indivíduo.
Bela postagem um top inteligente e apresentado de forma muito pedagógica, gostei de fazer esta leitura, somou aos meus conhecimentos, pra vc bjos, bjos e bjossssssssss
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