terça-feira, 27 de outubro de 2009

Os leques e seus encantos






Originalmente, os leques eram usados pelos camponeses chineses para enxotar moscas. Para quem não sabe, as moscas chinesas são extremamente aborrecidas pois são insetos que gostam de voar em torno de um indivíduo até este ficar de olhos em bico. Mas houve um certo camponês que reparou que os leques também faziam deslocar o ar. Quem diria... Estes chineses são tipos muito espertos.Daí, começaram a abanar os leques para se refrescarem. Porém, houve uma certa meretriz que achou que não era muito masculino um camponês ser visto abanando um leque. De imediato, os camponeses largaram os leques e passaram a enxotar as moscas com uma rama de urtigas. Isso sim, um gesto de homem! Então, a dita meretriz tratou de pôr em prática a sua brilhante ideia. Para ela, um leque representava mais do que um enxotador de moscas ou uma membrana de ventilação. Esta viu nos leques excelentes utensílios de sedução para serem ostentados pelas jovens concubinas da China como também pelas melhores gueixas do Japão. Num ápice, tratou de ensinar às suas concubinas algumas coreografias com leques. Além disso, aproveitou a arte milenar da linguagem gestual chinesa para criar uma nova linguagem. A chamada linguagem salamaleque. Esta linguagem compreendia-se através de sinais com os próprios leques quando manuseados pelas jovens cortesãs. Abanar o leque diante do próprio rosto enquanto se olhava para um homem representava que uma mulher estava disponível para este. Ao passo que abanar o leque diante do peito era uma claro sinal que o homem visado podia convidar a respectiva gueixa para tomar um sakê. Já abanar o leque em frente do baixo-ventre significava que valia tudo menos despentear o mitsuko. E foi assim que a linguagem dos leques, a linguagem salamaleque, se estendeu por toda a Ásia, em todo o Oriente.
Não tardou muito, com as epopeias dos descobrimentos, para que o Ocidente começasse também a usar os leques orientais. Os povos do Norte da Europa serviam-se dos leques para enxotar moscas, enquanto os povos do Sul preferiam refrescar-se abanando os leques. Todavia, os povos mais ao Centro, como por exemplo os normandos, desde logo viram os potenciais sedutores dos leques. Era comum, nas cortes da Normandia, as donzelas abanarem o leque em movimentos circulares diante de si. Nisto os cavalheiros tinham que adivinhar se as donzelas estavam a enxotar as moscas, se estavam a refrescar-se ou se estavam mesmo com os calores. Fenômeno mais conhecido por afrontamento.

2 comentários:

  1. Nádia, muito legal a evolução da utilidade do leque. Eu adoro aprender a origem dos costumes. Não me conformo de ter que fazer qualquer saudação ou movimento em algum ritual e não saber o que estou fazendo e para que serve ou serviu aquilo. Portanto gostei muito dessa postagem e da outra que já comentei. Beijos esclarecedores. Manoel.

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  2. Muito bom este artigo, tenho muito interesse em saber curiosidades como esta. Muito interessante. Continue o bom trabalho ;) filipa

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